O Gato de Cheshire

quarta-feira, junho 24

O Gato, ao ver Alice, apenas sorriu. Ela achou que ele tinha aspecto de ser boa pessoa. No entanto, tinha as unhas muito compridas e uma boca cheia de dentes: por isso achou que seria melhor tratá-lo com respeito...
- Gatinho Cheshire - começou Alice, timidamente, pois não sabia se ele iria gostar do nome; mas ele pôs-se a rir mostrando ainda mais os dentes. «Bom, até agora ele parece estar satisfeito», pensou Alice, e continuou a falar:
- Diga-me, por favor, a partir daqui, que caminho é que devo seguir?
- Isso depende bastante do sítio para onde queres ir - respondeu o Gato.
- Pouco me importa para onde - disse Alice.
- Então não tem importância para que lado vais - disse o Gato.
- Contando que vá dar a qualquer parte - acrescentou Alice, explicando-se melhor.
- Ah, isso é que vais, de certeza - disse o Gato -, se andares o suficiente...
Alice achou que contra isso nada havia a dizer: tentou, pois, fazer-lhe outra pergunta:
- Que género de pessoas vivem por aqui?
- Naquela direcção - disse o Gato, apontando com a pata direita - vive um Chapeleiro e além - e apontava com a outra pata - vive uma Lebre de Março. Podes ir visitar qualquer um deles; são ambos malucos.
- Mas eu não quero andar no meio de gente maluca - observou Alice.
- Oh, não podes evitá-lo - disse o Gato -, nós aqui somos todos malucos. Eu sou maluco. Tu és maluca.
- Como é que sabes que eu sou maluca? - perguntou Alice.
- Tens de ser - disse o Gato - se não fosses não terias vindo parar aqui.

Lewis Carroll, Alice no País das Maravilhas

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